Eu Jabuti, nós Jabutis

O jabuti, que dá nome ao nosso coletivo, é um dos personagens mais fascinantes da tradição oral africana. Animal lento, porém, o mais sagaz da floresta. Também no Brasil é assim que o jabuti se apresenta em nossos contos tradicionais. Sua astúcia conduz tanto a situações engraçadas como a ações heroicas, provocado o riso e a ternura por esse personagem rico de artimanhas, vivacidade, ação e movimento. Nas mais variadas histórias, no continente africano e no Brasil, o jabuti é apresentado como a personificação da artimanha e da esperteza que aliadas à paciência e a malandragem são usadas como arma de sobrevivência. O Jabuti simboliza esse grande elo de ligação entre a cultura dos povos originários do Brasil, antes mesmo der ser pau-brasil, a tradição dos povos indígenas com os povos de além-mar, o povo negro que ao chegar aqui reinventa sua própria existência re(e)xistindo, trazendo na bagagem da memória uma nova África fundada aqui e em tantos outros países da América Latina. Por isso, nossa pesquisa que começou a partir de um pensamento marioandradino de identidade brasileira se expande para um pensamento Transatlântico, afro-brasileiro e afro-caribenho. Somos um clã de jovens artistas unidos pelo desejo de investigar um teatro que possa partir das histórias sobre a nossa ancestralidade, sobre a formação da identidade nosso povo e da cultura popular. Estreitando as margens do oceano, as histórias desse príncipe menino nos conduzem pra um mar de aventuras e de emoções! Laroye! Que quer dizer: o comunicador!

Antonia Mattos diretora e fundadora do grupo